quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A ofensiva israelense não é desproporcional. É criminosa.


Artigos, declarações, manifestos. Nada disso é tão verdadeiro quanto às imagens da Guerra de Gaza exibidas pelos meios de comunicação. Inconcebível é ficar em cima do muro diante de tantas atrocidades.
É vergonhoso. É covarde. O mundo se cala. O mundo não, os governantes.
“Somos responsáveis pelo que fazemos, pelo que não fazemos e pelo que deixamos de fazer”. Neste caso, quem poderia fazer alguma coisa, não fez. A ONU, os Estados Unidos.
E por não fazerem nada, quem está pagando por isso são crianças de uma população inteira inocente. A imprensa usa o termo “desproporcional” para classificar a ofensiva de Israel à Gaza. Puro eufemismo. É uma guerra estúpida, absurda. Criminosa.
Há alguma justificativa para qualquer espécie de genocídio? Existe razão para que um dos exércitos mais poderosos do mundo exerça sua força contra pessoas indefesas? Retaliação? É a mesma coisa jogarmos bombas nas favelas do Rio de Janeiro por causa dos traficantes e depois usar como desculpa o extermínio do crime.
São muito mais de 900 mortos. Isto é fato. Todo o resto é falácia.
Não há argumento racional para a morte de crianças. Sejam elas palestinas, israelenses, japonesas, americanas ou de qualquer outra nacionalidade.
O consentimento da violência à Gaza transforma políticos e governantes em covardes assassinos.
Eu me recuso a apoiar o uso da força em pleno século 21. O conflito entre israelenses e palestinos tem raízes históricas, políticas e religiosas profundamente complexas, que só pode ser resolvido de uma única maneira: com a intervenção pacífica das autoridades.
Se a intenção de Israel era enfraquecer o Hamas, o tiro saiu pela culatra. Aos olhos da população palestina, o Hamas, que teve vitória esmagadora nas eleições parlamentares de 2006, sairá fortalecido. Outra conseqüência, que já está acontecendo em muitos países da Europa é o anti-semitismo. Daí novamente, muitos pagam pela arrogância e insanidade de poucos.
E poucos têm pulso forte e coragem para se contrapor, ao rico e poderoso Estado de Israel, a favor dos palestinos. Um povo que não tem terra. Não tem cidadania. Não tem identidade. Não tem os Estados Unidos para os defender.
Melhor fechar os olhos e fingir que nada acontece. Tomar partido. Falar. Agir. Descer do muro dá trabalho. Requer extrema valentia. E infelizmente, no mundo, podemos contar nos dedos quem tem esta firmeza de espírito. Os homens que tiveram ficaram para a história.
Fica a pergunta. Onde estão os homens que escreverão a nossa história?
A hora é esta.