quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O inesquecível perfume da memória.


O perfume da terra em que nasci eu nunca havia sentido, mas sempre esteve em meu olfato. Instinto, estas coisas que a gente não consegue explicar, só sente.
Aquele azul do mar. Quando foi que eu achei que o mar não era azul?

Talvez os mares em que estive não eram azuis, ou eram. Mas nada comparado ao azul do Mediterrâneo. Olhar a imensidão daquelas águas me fez mergulhar em lembranças tão boas quanto inconscientes. Acho que essas são as melhores.

Se lembrar é viver, nunca estive tão viva. Uma sensação de felicidade e plenitude que surgiram do fundo da minha alma. Nunca imaginei que um lugar do mundo pudesse me causar tantas sensações diferentes.

Foi amor à “primeira” vista. Sabe quando você bate o olho em uma pessoa e parece que a conhece a vida inteira? Foi exatamente isso que aconteceu entre mim e o Líbano. Incondicionalmente, acima de qualquer suspeita, meu pequeno e encantador país, para sempre vou te amar, por toda a minha vida.

Em cada pedacinho em que estive uma emoção diferente e no Líbano, isto não é difícil de acontecer. Imagine estar em frente ao mar com um sol radiante e depois de meia hora de estrada, você vê as montanhas cobertas de neve. Adoro estes encantamentos da natureza, são mágicos.

Em Baalbek, por exemplo, foi um dia tão incrível que se eu morresse naquele lugar, eu morreria feliz.
De alguma maneira, tudo era tão familiar para mim, não sei precisar quando, mas eu já havia estado lá.

O som de uma orquestra que ensaiava um espetáculo de um lado, de outro, o som da mesquita: “Ala Akbar”.
Naquele momento eu senti a presença de Deus como jamais havia sentido. Foi um toque no fundo da alma.
São nessas horas que você percebe que a felicidade é algo muito mais simples do que supomos: felicidade é sentir. Nenhuma fortuna do mundo pagaria a beleza daquele momento.

O paladar é outro sentido inesquecível. As frutas do Líbano, por exemplo: sempre ouvi meu pai dizer que eram as mais saborosas, as mais coloridas, mais perfumadas, as mais deliciosas do mundo. Cada frutinha parecia ser pintada à mão e ter mel por dentro. Será que as frutas de lá nascem no paraíso? Desconfio que sim.

Mas não é só de frutas e lindos lugares que o Líbano é feito. É também um país surpreendente pelos seus contrates. No centro tem as lojas mais caras e luxuosas do mundo e as mulheres fazendo jus a este cenário. Aí você anda uns 5 quilômetros e entra num bairro muçulmano sunita, lá os bairros são separados por religião, e vê resquícios das guerras e um pouquinho de história em cada esquina. Foram vinte anos de guerra civil e alguns ataques à bomba vindos de Israel.

Hoje, aos nossos olhos, fica difícil imaginar que o Líbano viveu períodos tão sombrios. Beirute está totalmente reconstruída com seus elegantes edifícios de varandas gigantes que dão vista para o Mediterrâneo. Somando-se a isso, a felicidade de seus habitantes, não deixa nenhum tipo de vestígio das épocas tristes.

É, de fato, os libaneses são felizes e sabem viver. Aproveitam o sabor das coisas, da comida, do café com os amigos nos fins de tarde, o por do sol, a brisa do mar. Estas coisas que a gente que vive na correria das grandes cidades já nem sabe mais como são.

Definitivamente, eu me apaixonei por aquele pequeno e charmoso país, pelos encantos de sua geografia, pelos sabores indescritíveis da culinária e principalmente pelos libaneses. Ah, os libaneses, bom, mas isso é uma outra história que infelizmente eu não vou contar aqui. Quem sabe um dia.