sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O vestidinho rosa que entrou para a história.




Como um simples modelito pode causar tanto estardalhaço?
Verdade, pessoas que ousam se vestir do jeito que querem, sem se importar com que os outros vão pensar, incomodam mesmo.
E Geisy, a aluna da Uniban, definitivamente não está nem aí para a opinião alheia. Depois de tanto bafafá declarou em rede nacional que usa vestido curto, salto alto e decote pelo simples fato de que ADORA chamar a atenção e atrair olhares. Ela não se arrepende e nem se faz de santa. Disse que vai sim continuar usando seu indefectível vestidinho rosa.
Pudera mesmo, aposto que nem nos seus mais loucos delírios Geisy imaginava virar notícia na imprensa do mundo todo.
Tudo porque acordou, olhou o guarda-roupas e pensou: “hoje eu não vou passar despercebida”.
Não é que conseguiu. Está quase virando uma celebridade. No shopping causou alvoroço, tinha até gente tirando foto com ela.
Ser autêntico é isso. Você pode ser amado ou odiado. Não há meio termo. Sempre causa polêmica.
O problema não foi o comprimento do vestido, porque se fosse uma garota de burca, o espanto seria maior ainda.
O fato é que pessoas que fazem o que dá na telha dão o que falar. Os alunos da Uniban que o digam. Não deixaram barato.
Mas, ainda bem que o mundo todo sempre fica indignado com atitudes preconceituosas que agridem a liberdade individual.
Pelo que sabemos não consta na constituição do país que é proibido usar vestido ou saia curta. O que é protegido por lei é a inviolabilidade do corpo.
Portanto, cada um usa o que gosta e o que tem coragem de usar. Imagina se vira moda expulsar dos lugares públicos pessoas que se vestem de forma, digamos, fora do padrão da normalidade.
E qual é a normalidade? Se é que existe uma.
Segundo os psicólogos, o que vestimos sempre quer dizer alguma coisa que em grande parte, está fora do controle da nossa consciência.
Uma questão muito complicada para ser discutida aqui neste blog.
Alias, nada mais complexo do que o ser humano. Melhor não questionar as razões das pessoas. Que atire a primeira pedra quem nunca sucumbiu a um desejo estranho, ou desagradou meio mundo porque agiu por impulso.
Aos alunos da Uniban, que se consideram senhores da boa conduta e reputação, aqui vai o meu recado: deixem a Geisy ser feliz!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Os desejos femininos sempre dão o que falar.


Xeretando blogs, fui parar num texto do Marcelo Rubens Paiva, no Estadão.
Era sobre uma garota que adorava homens. Um texto com ritmo perfeito. Divertido. Adorei. (leia, você vai saber).
Aí, de novo, fui xeretar os comentários. Olha, me diverti lendo os posts.
Achei curioso ver como um assunto que parece tão manjado, ultrapassado e fora de moda causou tanto pano pra manga. Mais de 115 comentários. Ou seja, o blog bombou.

Milhões de evoluções e lá vamos nós com as mesmas questões. Homens, mulheres, relacionamentos. Desde que o mundo é mundo, os filósofos, os poetas, os escritores, os psicanalistas, os “achistas”. Todos vão ter alguma coisa para comentar sobre isso.

Tanta polêmica só porque uma mulher conhece um cara, os dois se dão superbem. Rola uma química incrível. Dormem juntos na mesma noite. E o cara desaparece. Preste atenção: eu disse dormem, soa mais romântico. Melhor do que dizer transam. Mais um tabu, só que agora este é meu.
Aí a garota conhece outro cara. Adora tudo nele, ele adora tudo nela. Dormem juntos. O cara some.
Então conhece um terceiro. Química perfeita. Mas ela resiste. Não dormem juntos. Ele liga no dia seguinte.
Moral da história. A garota conclui que os homens são mesmo uns babacas.

Aí fui fuçar os comentários da galera. Uma salada de frutas de valores.

Alguns moralistas. Poucas feministas. Muitos machistas. Um ou outro moderninho. Raríssimos românticos. Tinha até o pessoal das antigas que desde 1900 e bolinha continua dando os seus pitacos.

Cá com os meus botões eu me pergunto. Os homens é que são babacas ou as mulheres é que não conseguem bancar a própria liberdade sexual?

Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar. De forma relativa, as duas coisas. Alguns homens são mesmo uns babacas. Mesmo que tenham adorado a mulher, não ligam no dia seguinte por puro machismo. Na cabeça deles “Essa é fácil demais. Se faz isso comigo, deve fazer com todos”. Tá, pode até ser. Mas também pode ser que ela tenha gostado tanto do cara que queira ficar com ele até o resto dos seus dias. Mas aí a insegurança masculina fala mais alto. Que pena, né!

E tem mulher que se rende aos próprios instintos. Passa uma imagem de independência. Liberdade. Desapego. Só que aí, no outro dia se comporta como uma menininha: gruda ao telefone à espera de uma ligação. E se o cara não procura, ela se sente um trapo velho pronto pra ser jogado no lixo.

Para este assunto tão complexo eu como abelhuda de plantão, passo a seguinte receita. Que tal relativizar os fatos? Nem todos os homens se assustam com uma mulher liberal. Mas tem homem que acha que mulher que transa (eu disse transa, que evolução!) na primeira noite, não deve ser levada a sério. Nem todas as mulheres querem compromisso, algumas só querem sexo mesmo. Mas tem mulher que quer um relacionamento e só se entrega quando gosta muito do cara.

É, as pessoas são diferentes. As situações são únicas. Não deve haver regra. Deve haver verdade. Porque ser honesto com os próprios sentimentos, no final das contas, é o que realmente importa.

“Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento. Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Eu sou uma pergunta.”
Clarisse Lispector


sábado, 11 de julho de 2009

A Índia é o caminho.


De repente, a Índia ficou tão presente na minha vida. Minha irmã compra um livro (e claro que eu acabei lendo) “Comer, Rezar, Amar” e adivinhe só o lugar em que a autora encontra para a sua viagem mais profunda de autoconhecimento? A Índia é claro. O fim de semana passado minha outra irmã pegou um filme na locadora (também é claro que eu acabei assistindo) “Quem quer ser um milionário?” Imagine onde é que a história se passa? Bingo: Índia.

Quem quer ser um milionário conta a história de um garoto pobre quase sem nenhuma instrução que ficou milionário num programa de auditório tipo “Show do milhão”, a princípio parece um conto de fadas moderninho, mas um olhar mais atento mostra uma beleza verdadeira.

Um filme que me fez refletir bastante sobre como os valores de uma pessoa, no final das contas, é o que realmente importa. A riqueza de Jamal já estava dentro dele. Em seu caráter. Seu senso de justiça. Sua honestidade. E seu amor verdadeiro. O dinheiro ganho foi pura recompensa.

Sabe, quando morei em Londres por seis meses nunca me senti tão pobre e tão rica ao mesmo tempo. Pobre porque me despi de todos os rótulos que fui acumulando ao longo do caminho. E rica porque percebi que consegui me adaptar tão bem a uma cultura diferente e conquistar tantos amigos com muito pouco: simplesmente sendo eu mesma.

Soa um tanto quanto piegas dizer que de uma vez por todas eu descobri a verdadeira riqueza da vida. A busca de mim mesma.

Adoro todos que embarcam nesta viagem. Seja no Brasil, na China ou na Índia.

E eu que venho buscando o equilíbrio físico e espiritual, encontrei Jamal, o garoto do filme que partiu em busca de seu amor verdadeiro e ficou milionário.
Uma história que se passa na Índia,Terra onde quase tudo é espiritualidade e o grande propósito da cultura é se aproximar de Deus.

Agora entendo porque este país tão distante de uma hora para outra se tornou tão perto para mim. É, nada é por acaso.




segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button. Haja curiosidade para enxergar a beleza.


Li muitas críticas sobre o filme, O Curioso Caso de Benjamin Button, e o que mais me chamou a atenção foi perceber a dificuldade de algumas pessoas em perceber a verdade de uma obra. Tem gente mais preocupada em mostrar que entende de cinema do que qualquer outra coisa. Falam em exageros técnicos, furos no roteiro e dos clichês do diretor, David Fincher. Outros, fazem uma análise fria, técnica, imparcial. Mas apenas poucos têm a inteligência e a sensibilidade de perceber a beleza da mensagem do filme. Afinal, só enxerga quem tem olhos para ver. Porque quando se vai ao cinema é preciso levar para o escurinho o próprio repertório de vida. O coração tem que estar aberto e a mente livre para reflexões.
O Curioso Caso de Benjamin Button é uma homenagem à vida, ao amor, aos relacionamentos com as pessoas importantes ao longo de nossa história. Também fala do poder indissolúvel do tempo. Às vezes, um inimigo perverso, outras vezes, um amigo fiel. Seja como for, a nossa felicidade gira em torno dele. O relógio de Benjamin Button, um bebê que nasce com oitenta anos de idade, anda em sentido contrário. E, mesmo com toda a solidão de quem veio ao mundo fora do padrão estabelecido pela genética, ele encara cada experiência vivida com uma dignidade impecável. As descobertas de um adolescente num corpo de velho, o caso maduro com uma mulher mais velha e a relação de amor complexa com a amiguinha de infância. Um amor repleto de desencontros pela diferença de idade física e mental de ambos. Mas que de tão verdadeiro e incondicional, ultrapassa os desejos carnais e acaba encontrando espontaneidade como passar do tempo.
Benjamim, com seu olhar doce e infantil, nos faz enxergar a beleza da condição humana. Na alegria, na tristeza, nas descobertas e nos acasos.
O Curioso Caso de Benjamin Button é doce, delicado, bonito e íntegro. Desde a história até o seu personagem principal.
Quem tem olhos que veja.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A ofensiva israelense não é desproporcional. É criminosa.


Artigos, declarações, manifestos. Nada disso é tão verdadeiro quanto às imagens da Guerra de Gaza exibidas pelos meios de comunicação. Inconcebível é ficar em cima do muro diante de tantas atrocidades.
É vergonhoso. É covarde. O mundo se cala. O mundo não, os governantes.
“Somos responsáveis pelo que fazemos, pelo que não fazemos e pelo que deixamos de fazer”. Neste caso, quem poderia fazer alguma coisa, não fez. A ONU, os Estados Unidos.
E por não fazerem nada, quem está pagando por isso são crianças de uma população inteira inocente. A imprensa usa o termo “desproporcional” para classificar a ofensiva de Israel à Gaza. Puro eufemismo. É uma guerra estúpida, absurda. Criminosa.
Há alguma justificativa para qualquer espécie de genocídio? Existe razão para que um dos exércitos mais poderosos do mundo exerça sua força contra pessoas indefesas? Retaliação? É a mesma coisa jogarmos bombas nas favelas do Rio de Janeiro por causa dos traficantes e depois usar como desculpa o extermínio do crime.
São muito mais de 900 mortos. Isto é fato. Todo o resto é falácia.
Não há argumento racional para a morte de crianças. Sejam elas palestinas, israelenses, japonesas, americanas ou de qualquer outra nacionalidade.
O consentimento da violência à Gaza transforma políticos e governantes em covardes assassinos.
Eu me recuso a apoiar o uso da força em pleno século 21. O conflito entre israelenses e palestinos tem raízes históricas, políticas e religiosas profundamente complexas, que só pode ser resolvido de uma única maneira: com a intervenção pacífica das autoridades.
Se a intenção de Israel era enfraquecer o Hamas, o tiro saiu pela culatra. Aos olhos da população palestina, o Hamas, que teve vitória esmagadora nas eleições parlamentares de 2006, sairá fortalecido. Outra conseqüência, que já está acontecendo em muitos países da Europa é o anti-semitismo. Daí novamente, muitos pagam pela arrogância e insanidade de poucos.
E poucos têm pulso forte e coragem para se contrapor, ao rico e poderoso Estado de Israel, a favor dos palestinos. Um povo que não tem terra. Não tem cidadania. Não tem identidade. Não tem os Estados Unidos para os defender.
Melhor fechar os olhos e fingir que nada acontece. Tomar partido. Falar. Agir. Descer do muro dá trabalho. Requer extrema valentia. E infelizmente, no mundo, podemos contar nos dedos quem tem esta firmeza de espírito. Os homens que tiveram ficaram para a história.
Fica a pergunta. Onde estão os homens que escreverão a nossa história?
A hora é esta.